O problema não é nós
visualizarmos as coisas, ou diferencia-las como ‘bem’ ou como ‘mal’.
É verdade, por vezes somos
demasiado inflexíveis em relação a esta distinção, e realmente nem sempre o ‘mal’
é tão mau assim.
Entre o ‘mal’ e o ‘bem’ existem
duas perspetivas: a relativista ou subjetiva e a objetiva ou universal. A relativista diz-nos que o mal e
o bem dependem da perspetiva, cultural, individual, etc. A universal diz que o 'mal' e o 'bem' existem efetivamente e que não depende da cultura, da ética do individuo ou da perspetiva.
Segundo o meu ponto de vista o ‘mal’
e o ‘bem’ perambula entre estas duas teorias. Umas vezes é relativo, outras nem
tanto assim. Cair no relativismo destes conceitos é deixar que o mal perdure.
É claro que por vezes, no dia-a-dia,
somos demasiado inflexíveis: se alguém responde torto é mau fez mal, deixar as luzes
ligadas é mal, se alguém não aceita as nossas desculpas é mau, se é demasiado
duro é mau, e por ai fora…
Estas coisas não têm
necessariamente de ser más ou boas, dependem.
No entanto o mal existe efetivamente
num contacto imediato podendo ter repercussões longas. Quando magoo alguém ou
prejudico alguém de forma irreversível. Por vez até dizemos – não foi por mal,
até foi por bem, ou para o bem dele – não sabemos, como podemos afirmar
convictamente o quanto bem fizemos fazendo mal?
Bem, mas o que me interessa aqui
não é discutir a existência do 'bem' ou do 'mal' ou o seu surgimento.
Partindo de um princípio
emocional e da dificuldade em gerir os sentimentos, tal como disse, a questão
não é a divisão que fazemos das coisas entre ‘mal’ e ‘bem’, mas sim a emoção
que lhes associamos. Emoções negativas para ‘mal’ e positivas para ‘bem’. Não
que não deva ser assim. O que acontece é que quem não consegue gerir bem as emoções
normalmente tenta relativizar filosoficamente o ‘mal’ e o ‘bem’, subjetiva-los
totalmente. Para gerir bem as emoções o que deve acontecer não é a relativização,
mas sim a tentativa de um distanciamento emocional.
O ‘mal’ e o ‘bem’ existem efetivamente
o problema é a impressão emocional que temos destes dois conceitos e essa
impressão emocional extravasa depois para a impressão que temos das coisas.
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