A Extinção do Sofrimento


A Nobre Verdade da Extinção do Sofrimento

Afinal o que significa a nobre verdade da extinção do sofrimento? É o total desvanecimento e fim deste anseio, a sua renúncia e abandono, o seu desapego e a sua libertação.
Mas onde pode este anseio desaparecer, onde poderá ser extinto?
Onde quer que existam coisas belas e agradáveis no mundo, aí se poderá desvanecer este anseio, aí poderá ser extinto.
Seja no passado, pressente ou no futuro, quem de entre os monges ou sacerdotes encarar as coisas belas e agradáveis como impermanentes (anicca), portadoras de infelicidade (dukkha), e vazias de um eu (anattā), como doenças ou cancros, esses são os que superam o anseio.

Nyanatiloka Mahathera, em A Palavra do Buddha

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Agora é que este gajo me lixou o pensamento, mas acho que percebi. Primeiro é preciso experienciar a beleza e o seu apego para se poder processar o desapego. Vai de encontro ao meu pensamento de que a natureza da mente busca a calma, o prazer e a serenidade. E só através desta calma, prazer e serenidade é que poderemos processar o desapego.

O Amor como Meditação; A Meditação como Amor; Todo o Bem como Meditação;


Segundo a filosofia Budista o caminho que leva à extinção do sofrimento é o “Nobre Óctuplo Caminho”, agregado em três secções:

1. Sabedoria (paññã)
Entendimento Correcto (sammā ditthi)
Aspiração (ou Pensamento) Correcto (sammā sankappa)
2. Moralidade (sīla)
Linguagem (ou Palavra) Correcta (sammā vācā)
Acção Correcta (sammā kammanta)
Meio de Vida (ou Sustento) Correcto (sammā ājīva)
3. Concentração (samadhi)
Empenho Correcto (sammā vāyāma)
Consciência Correcta (sammā sati)
Concentração Correcta (sammā samadhi)

O que me acontece durante a meditação e na reflecção sobre a meditação é que me parece que o Nobre Óctuplo Caminho leva à correcta meditação e a meditação leva-me à concretização correcta do Nobre Óctuplo Caminho. Os dois são intrínsecos e se sustentam.
Durante as minhas reflexões sobre o Nobre Óctuplo Caminho e a Meditação reflecti numa conecção não muito estranha. Que a meditação é como o Amor (conjugal).
Tal como a Meditação, também o Amor necessita da sustentação do Nobre Óctuplo Caminho.


P.S.: Extravasando: e não serão todas as coisas boas assim?

Não quero sentir isto

O problema não é a emoção negativa em si, mas o apego a essa emoção negativa. Esse apego traduz-se pelo 'não querer'.

Não quero sentir isto, quero sentir aquilo.
Não quero sentir este desprazer, quero sentir aquele prazer.
Não quero este prazer, quero aquele prazer.
Quero este prazer, não quero que termine.

Quando não quero determinada emoção sinto-a ainda mais intensamente, porque sofro por a ter. Isto é uma das formas de apego.

Se eu deixar as coisas ser como elas são, aceitar, não sofrerei tanto.

O vínculo emociona ao ‘mal’ e ao ‘bem’

O problema não é nós visualizarmos as coisas, ou diferencia-las como ‘bem’ ou como ‘mal’.

É verdade, por vezes somos demasiado inflexíveis em relação a esta distinção, e realmente nem sempre o ‘mal’ é tão mau assim.

Entre o ‘mal’ e o ‘bem’ existem duas perspetivas: a relativista ou subjetiva e a objetiva ou universal. A relativista diz-nos que o mal e o bem dependem da perspetiva, cultural, individual, etc. A universal diz que o 'mal' e o 'bem' existem efetivamente e que não depende da cultura, da ética do individuo ou da perspetiva.

Segundo o meu ponto de vista o ‘mal’ e o ‘bem’ perambula entre estas duas teorias. Umas vezes é relativo, outras nem tanto assim. Cair no relativismo destes conceitos é deixar que o mal perdure.

É claro que por vezes, no dia-a-dia, somos demasiado inflexíveis: se alguém responde torto é mau fez mal, deixar as luzes ligadas é mal, se alguém não aceita as nossas desculpas é mau, se é demasiado duro é mau, e por ai fora…

Estas coisas não têm necessariamente de ser más ou boas, dependem.

No entanto o mal existe efetivamente num contacto imediato podendo ter repercussões longas. Quando magoo alguém ou prejudico alguém de forma irreversível. Por vez até dizemos – não foi por mal, até foi por bem, ou para o bem dele – não sabemos, como podemos afirmar convictamente o quanto bem fizemos fazendo mal?

Bem, mas o que me interessa aqui não é discutir a existência do 'bem' ou do 'mal' ou o seu surgimento.

Partindo de um princípio emocional e da dificuldade em gerir os sentimentos, tal como disse, a questão não é a divisão que fazemos das coisas entre ‘mal’ e ‘bem’, mas sim a emoção que lhes associamos. Emoções negativas para ‘mal’ e positivas para ‘bem’. Não que não deva ser assim. O que acontece é que quem não consegue gerir bem as emoções normalmente tenta relativizar filosoficamente o ‘mal’ e o ‘bem’, subjetiva-los totalmente. Para gerir bem as emoções o que deve acontecer não é a relativização, mas sim a tentativa de um distanciamento emocional.


O ‘mal’ e o ‘bem’ existem efetivamente o problema é a impressão emocional que temos destes dois conceitos e essa impressão emocional extravasa depois para a impressão que temos das coisas.

Transcendência e realidade

Preocupamos-nos tanto com a transcendência e afinal ela não é assim nada de extraordinário.
Provavelmente até nem existe. 
Não existe porque tudo aquilo que faz parte da transcendência, ou que nos transcende, está implícito no conceito de: "algo que nós ainda não conseguimos percepcionar, alcançar ou conhecer".
Ora, se nós ainda não conseguimos percepcionar, significa que podemos vir a percepcionar. Nesse momento deixa de ser transcendente e perde a sua importância. Se a transcendência é algo que nunca percepcionaremos, ou conheceremos, então é uma ânsia infundada. 
Ao percepcionarmos o não fundamento desta ânsia deixaremos de dar importância à transcendência. 

Sempre que a transcendência perde importância é como se deixa-se de existir. Ou acaba mesmo por deixar de existir na nossa concepção mental, e a nossa mente, deixando de dar importância à transcendência passa a dar importância à simplicidade do real. 

A transcendência é apenas aquilo que é, nem mais nem menos.
A realidade é apenas aquilo que é, nem mais nem menos.

A dúvida

A dúvida tanto é a minha melhor aliada, como a minha maior inimiga.

Augusto Cury - Ansiedade - Síndrome do Pensamento Acelerado


Hum!... Interessante!

http://www.bertrand.pt/ficha?id=16207625

«Vivemos numa sociedade urgente, rápida e ansiosa. Nunca as pessoas tiveram uma mente tão agitada e stressada. Paciência e tolerância para as contrariedades estão a tornar-se artigos de luxo. Quando o computador demora a iniciar, são poucas as pessoas que não se irritam. E quando não estão a dedicar-se a atividades interessantes, facilmente se angustiam. Raros são os que contemplam as flores nos jardins ou se sentam para conversar nas suas varandas ou à janela. Estamos na era da indústria do entretenimento e, paradoxalmente, na era do tédio. É muito triste descobrir que a maior parte dos seres humanos de todas as nações não sabem ficar sozinhos, interiorizar, refletir sobre as nuances da existência, desfrutar da sua própria companhia, ter um autodiálogo. Estas pessoas conhecem muitas outras nas redes sociais, mas raramente conhecem alguém a fundo e, o que é pior, raramente se conhecem a si próprias. Este livro fala do mal do século. Muitos pensam que o mal do século é a depressão, mas aqui apresento outro mal, talvez mais grave, mas menos percetível: a ansiedade decorrente da Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA). Pensar é bom, pensar com lucidez é ótimo, porém pensar demais é uma bomba contra a saúde psíquica, o prazer de viver e a criatividade.»


Síndrome do pensamento acelerado: sintomas, causas e tratamento
Síndrome do pensamento acelerado tem origem no ritmo urgente das grandes cidades.
Tem dificuldade em relaxar a mente e acalmar os pensamentos? Está sempre em busca de estímulos, precisando de cada vez mais informações para satisfazer essa vontade? Esse pode ser não apenas um caso de uma pessoa agitada, mas a representação de sintomas da síndrome do pensamento acelerado.

Causas da síndrome do pensamento acelerado
Essa é uma condição moderna que tem origem com o ritmo alucinante das grandes cidades, com overdoses diárias de informações e obrigações que afetam a saúde emocional de uma boa quantidade de gente. Depressão, estresse, síndrome do pânico e nomofobia (medo de ficar sem celular) são outros exemplos de situações que ocorrem com muito mais frequência nas últimas décadas.
Especialistas dizem que a síndrome do pensamento acelerado não é uma doença, mas sim um sintoma vinculado a um quadro de transtorno de ansiedade. As pessoas mais vulneráveis geralmente são aquelas que são avaliadas constantemente por conta das suas obrigações profissionais, não podendo desligar um minuto sequer, caso contrário o trabalho é comprometido. Bons exemplos são executivos, jornalistas, escritores, publicitários, professores e profissionais da saúde.
As possíveis causas são, além dessa ansiedade devido à pressão profissional, o excesso de informações às quais somos submetidos durante o dia, condição considerada normal nos dias de hoje.

Sintomas da síndrome do pensamento acelerado
É comum entre quem tem a síndrome do pensamento acelerado ter a sensação de estar sendo esmagado pela rotina, com aquela impressão de que 24 horas são insuficientes para cumprir tudo o que você tem planejado para o dia. Há o sentimento persistente de apreensão, falta de memória, deficit de atenção, irritabilidade e sono alterado. O humor flutuante é outra característica bem comum.
O esgotamento mental da pessoa que não consegue desacelerar o seu pensamento normalmente se converte em cansaço físico também. Isso porque o córtex cerebral, a camada mais evoluída do cérebro, “rouba” energia que deveria ser utilizada em músculos e outros órgãos.