Emprestado













Intuo que nada do que realmente possuo é meu.
Nada do que tenho materialmente é meu.
Por vezes torna-se estranha a ideia de achar e dizer - a casa é minha, a minha roupa, o meu caderno, o meu dinheiro, o meu trabalho, a minha mãe, o meu pai, a minha namorada, o meu país, a minha rua, o meu mundo. É realmente estranho, pois tudo é provisório, inconstante, incerto.
Porque os hei de considerar meus?
o mesmo acontece com as coisas não materiais - o meu corpo, as minhas ideias, os meus pensamentos, a minha opinião, o meu ego, a minha personalidade. O mesmo acontece a estas coisas, são provisórias, inconstantes, efémeras.
Por isso, tenho a impressão de que tudo não passa de um empréstimo. Quanto mais reflicto e intuo sobre isso mais grato fico a estas dádivas emprestadas.
Talvez a gentiliza e a bondade possam surgir daí.

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