O valor das coisas










“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem.”
                                                                                                                                 -Fernando Pessoa-

Talvez, o valor das coisas, nem esteja no tempo que elas duram, nem na intensidade com que acontecem, mas na efemeridade da sua vinda.
Ou talvez, esse valor esteja só no acordo mental que fizemos connosco mesmos.

Pode ser um pouco arrogante isto que digo. E por ventura é com certeza! Pois quem sou eu, que não sei nada!

A natureza da mente

Quando faço meditação os meus pensamentos perdem-se.
Nada de novo até aqui, mas várias coisas acontecem (interiormente) neste perder.
Surge o sono, o entorpecimento ou divagação (estado mental em que não estou consciente sobre o que está a acontecer). Ou, os meus pensamentos perdem-se para as sensações. Normalmente para as sensações confortáveis e prazerosas.
Admito que gosto desta distracção do meu cérebro. Embora eu tente não me distrair com estas sensações e concentrar-me na respiração, é comum a minha mente (ou cérebro) procura-las. Ou será que elas apenas despertam para ele?
Isto faz-me reflectir nuca coisa interessante. A natureza (base, matriz, objectivo, sentido) da mente é a procura de prazer.
Será? Qual é a verdadeira natureza da mente?

Emprestado













Intuo que nada do que realmente possuo é meu.
Nada do que tenho materialmente é meu.
Por vezes torna-se estranha a ideia de achar e dizer - a casa é minha, a minha roupa, o meu caderno, o meu dinheiro, o meu trabalho, a minha mãe, o meu pai, a minha namorada, o meu país, a minha rua, o meu mundo. É realmente estranho, pois tudo é provisório, inconstante, incerto.
Porque os hei de considerar meus?
o mesmo acontece com as coisas não materiais - o meu corpo, as minhas ideias, os meus pensamentos, a minha opinião, o meu ego, a minha personalidade. O mesmo acontece a estas coisas, são provisórias, inconstantes, efémeras.
Por isso, tenho a impressão de que tudo não passa de um empréstimo. Quanto mais reflicto e intuo sobre isso mais grato fico a estas dádivas emprestadas.
Talvez a gentiliza e a bondade possam surgir daí.

Foco

Quando a minha mente “se enche”, quando ela é um redemoinho, um turbilhão, duas coisas parecem acontecer:
    1) Ela envolve-se com as emoções e as duas juntas criam o meu estado de ansiedade;
    2) Não se envolve com nada e o meu foco perde-se no redemoinho criando um estado e entorpecimento. Neste caso, ou me perco do presente e dos sentidos, ou adormeço.
Se as águas, ou ventos, do meu pensamento não estão lentos mais lenta fica a minha consciência e acabo por adormecer.